Jeitinho brasileiro e o projeto Nota Fiscal Eletrônica
O empresário brasileiro ainda apresenta um comportamento típico: o hábito de deixar para a última hora.
Em meio a um cenário de novas exigências fiscais que estão ocorrendo e também que ainda deverão ocorrer, o empresário brasileiro ainda apresenta um comportamento típico: o hábito de deixar para a última hora.
O projeto da Nota Fiscal Eletrônica, que já entrou em vigor há alguns anos, e que se estendeu como obrigatoriedade a todo o comércio varejista no decorrer do ano de 2015, tendo cada mês como sendo o prazo limite para cada ramo de atividade dentro do varejo, e se estendendo mês a mês até o prazo limite de dezembro de 2015, ainda teve que ser permitido, pela Receita, que empresas que possuíam blocos de notas fiscais série D (o famoso bloquinho), os quais haviam sido confeccionados ainda dentro do ano de 2015, pudessem ser utilizados até o final do ano de 2016.
Nos dias de hoje, uma pesquisa aponta que mais da metade do comércio varejista ainda precisa se adequar. Muitos comerciantes chegaram a mandar confeccionar mais blocos de notas ainda no ano de 2015, com a intenção de protelar ao máximo a adequação, e muitos ainda acreditavam que a obrigatoriedade iria “cair”.
Essa resistência é justificável, pois estamos tratando do varejo, a camada da economia com menor inclusão tecnológica e talvez com menor preparo para estas adequações.
De outro lado estão os comerciantes que atenderam o prazo de adequação da Receita, contratando um Sistema emissor de Nota Fiscal Eletrônica dentro dos prazos previstos. Ressaltamos aqui o trabalho dos escritórios de contabilidade que arduamente trabalharam para que seus clientes estivessem adequados e não sofressem nenhum tipo de penalidade.
Acontece que, com essa “prorrogação” e a permissão da utilização dos blocos ainda dentro do ano de 2016, gerou uma confusão entre os comerciantes, quando estes trocavam informações entre si. O que ocorreu foi que os comerciantes que se adequaram aos prazos e estavam emitindo a Nota Fiscal Eletrônica, quando percebiam seus colegas comerciantes que ainda estavam usando o bloco, ficaram confusos e alguns chegaram a colocar em dúvida a credibilidade de seu contador, que supostamente o fez aderir antes de precisar efetivamente.
Não é fácil para comerciantes que nunca tiveram um computador na empresa, ou para aqueles que também nunca operaram um computador. Mas tem-se observado e é extremamente interessante perceber os esforços de alguns comerciantes que, não tendo com quem contar, decidiram aprender a utilizar o computador e um sistema. Há ainda os mais favorecidos, que contaram com a ajuda de um sobrinho, neto, filho ou parente de qualquer grau, que se dispõe a auxiliar nestas tarefas.
Estas duas características, a superação (o empresário se pôs a aprender) e a integração (o jovem da família que se pôs a auxiliar) são a prova de que somos capazes de encontrar saída para questões que nos afligem antes mesmo de tentar aplicar o nosso famoso jeitinho...